quarta-feira, maio 05, 2004

Alguns dias atras.

- A prova tem tres questoes. A primeira eh facil, tao facil que talvez voces consigam responder- disse em visivel tom de deboche-, a segunda eh media, mas talvez alguns consigam. Bom, a terceira ninguem vai acertar. Talvez Miguel Reale acertasse.- agora o que era um sutil e malicioso sorriso abria-se em uma grotesca careta, com os dentes tortos querendo-lhe saltar da boca e os olhos, ja pequenos e amendoados, se fechando em uma expressao que o fazia parecer homericamente ridiculo. -Nao preciso dizer- continuou- que a questao de maior valor eh a ultima.- ele estava gozando e parecia haver ondas de prazer percorrendo-lhe a espinha.

Hoje, dia da prova.

Como todos esperava-mos, foi um massacre. Pouco antes do inicio, empolgado com o show que dirigia, nao conseguiu segurar-se de fazer um pouco de terrorismo, e, entre umas e outras, acabou dizendo ".. porque retardados aqui, para isso, nao falta.", depois vociferou com uma infeliz que estava ja deveras nervosa com a perspectiva de nao se formar com a turma e levantou suspeitas infundadas sobre outro colega (que eu conheco bem o suficiente pra saber que era dos que ainda nao fazem uso de meios pouco ortodoxos para alcancar aprovacao..) fazendo-o sentar bem em frente a sua mesa, como medida vexatoria.

Na verdade essa historia nao eh novidade pra ninguem, certamente todos ja tiveram experiencia semelhante com professores que simplesmente agem de ma fe, fazem pouco caso, debocham, e, ao final das contas, prejudicam a formacao profissional e humana do aluno (ou no melhor das hipoteses, nao acrescentam nada). Odeio-os. Queria saber o que passa pela cabeca de um sujeito como esse , que, ministrando aulas para uma turma do ultimo semestre, resolve fazer indiotices desse nivel.







domingo, maio 02, 2004

Junior e o peru de natal

Ah! o natal! Quem nao gosta daquele clima de final de ano, festas, ferias se aproximando, o calor comecando a nos aquecer a alma, a familia reunida. E em 97 nao foi diferente. Ou poderia nao ter sido.. hehe
Meu pai, animado e bem disposto, pos-se entao a preparar o grande (realmente, era enorme) CHESTER da familia. Uma criatura medonha, pesava algo em torno de 5kg (nao tenho muita certeza) que, com o recheio ao final, tinha seu peso levemente aumentado.
E tudo corria muito bem.. bem demais.
Era vespera, final de tarde, todos na casa trabalhando para arrumar as malas no carro, fazendo checagens de ultima hora, e meu pai, todo orgulhoso, exibindo o maldito chester e sua farofa insuperavel (todo ano eh insuperavel). Seria um sucesso em arroio grande, sem duvida!

- Junior!! vem ca guri!!!- gritou o pai da cozinha.
- Que foi pai?- veio junior, trazendo o sono, a ma vontade e a falta-de-saco, tao costumeiros de sua pessoa, estampados em seu semblante.
- Oh, seguinte, tas vendo essas duas sacolas?- gesticulou na direcao de dois sacos, iguais, postos sobre a pia da cozinha.
- Ah.. to pai, to vendo.- evidenciando novamente que ver TV era certamente o que ele preferia estar fazendo.
- Ta, entao presta atencao- disse o pai, com olhar apreensivo-. Nessa aqui tem o meu peru, e nessa outra, o lixo. O que eu quero que tu faca eh simples: lixo no lixo, peru no carro. Certo?- Manteve o olhar apreensivo, esperando ver a reacao de seu varao, receptaculo de seu patrio orgulho, detentor de seu proprio nome, o primogenito da casa.
- Ta pai, que saco tche, me da logo essa bodega!- disse junior.

Acredito ser nesse ponto que tem inicio a dramatica historia de "junior e o peru de natal"

Durante a viagem de Pelotas para Arroio Grande, noite.

- Beco, tu ta sentindo esse cheiro?- perguntou a mae ao pai.
- Nao, que cheiro?- Disse, apos um curto periodo tentando perceber algum odor diferente.
- Nao fui eu!- veio em unissono dos tres filhos sentados atras.
- Parece cheiro de merda, nao sei...- ponderou a mae.
- Deve ser da rua!- garantiu o alegre pai.

Chegada em Arroio Grande apos uma viagem curta, uma hora e pouco, sempre acompanhada de um estranho odor de... merda?

Como sempre a chegada foi acompanhada da tradicional comocao familiar, com a qual estamos tao acostumados: abracos, beijos, brincadeirinhas e piadinhas, e todos estavam felizes como era de se esperar!

- Junior! me ajuda a descarregar o carro, vagabundo- disse o pai brincalhao.
- Ta bom! ta bom! que saco..- praguejou junior.
- Aqui, toma. Coloca o peru na cozinha da vo. Bah, ela vai adorar, hein hein? - disse Beco em tom de orgulho inabalavel. inabalavel..
- Coisa bem fedorenta esse teu peru pai, credo..- disse junior, enquanto retorcia o rosto em uma careta realmente obtusa.
- Nao fala bobagem, guri! Isso eh coisa da boa! So gente fina come isso!!!- e um sorriso cortava-lhe o rosto de um extremo ao outro.

E la ia o junior pelo corredor da antiga casa carregando o precioso item, bem proximo ao corpo com medo de deixar cair devido ao peso, afinal de contas, nao queria tropecar e por tudo aperder, logico. Logo atras vinham seu pai, tios, irmaos, e na frente, na porta da cozinha, encontrava-se a luiza, peculiar figura que ocupa ja posicao de Segunda Matriarca da Familia Floor junto da vo, com um enorme sorriso esperando por um abraco e para ajudar a pegar o peru.
Apos alguns momentos junior saiu ate a sala. Ouviu algum mormurinho, um certo agito, e.. um grito.. dois gritos.. e um nome:

-JUNIOR!!!!! O MEU PERU!!!!!!!

Ahn.. pois e.. mas as sacolas eram tao parecidas...
E vejam bem: o espirito natalino prevalece!! neh????
(^-^)b