
Fodendo o cinema
Parece que está em andamento uma cruzada contra esse entretenimento tão popular entre a pequena-burguesia tupiniquim. O primeiro episódio foi o projeto de lei de um lunático petista para “democratizar” o cinema tornando obrigatória a exibição de todos os filmes com dublagem em português . O fato mais recente da empreitada é protagonizado pelo MP: tornar obrigatório agora a exibição de um curta nacional sempre que for exibido um filme estrangeiro. Uma legítima babaquice nacionalista. Além do curta será exibido também um “jornal cinematográfico”, seja lá o que for isso. Essa cretinice, assim como a regulamentação da profissão de jornalista, é herança maldita do tempo do regime militar nacionalista (lei 6.281/75 – “lei do curta”). Existe um evidente interesse em ressuscitar leis obscuras daquele período igualmente obscuro com interesses mais obscuros ainda.
Conheço algumas pessoas que curtem um curta (com perdão do fraco “trocadalho”) e outras que estão envolvidas em projetos. Nada contra, acredito mesmo que a maioria do pessoal não apóie esse tipo de medida, mas nosso cinema, que nem ao menos se financia no mercado e vive de subsídios estatais (leia-se dinheiro do contribuinte) agora querer empurrar goela abaixo produções nacionais é o cúmulo do ridículo. É um atestado de incompetência e um estigma para os que levam cinema a sério. Cristaldo: “Mais um pouco e as autoridades proporão uma venda casada: a cada DVD estrangeiro que você compre ou alugue, terá de comprar ou alugar junto um nacional” - o princípio é o mesmo.
Imagem: "A Hora do Espanto". Sugestivo... rsrs