quinta-feira, novembro 17, 2005

Jingle do Politicamente Correto

Um bom exemplo pode ser coisa pequena
Um bom dia, um obrigado,
por favor, não há de que

Um bom exemplo custa pouco e vale a pena
Não tem contra-indicação
e só depende de você

Um bom exemplo é bom humor,
é mais carinho
É sorrir pro seu vizinho,

é cantar, é ser feliz
é ser do bem, amizade,
cortesia, melhorando o dia a dia,
transformando esse país

Exemplo é bom e ninguém nega
Dê bom exemplo
que essa moda pega

O povo está mal mesmo, precisa de um jingle cretino pra aprender a ter educação...
E eu me sinto um idiota quando toca essa música debilóide.
Oh, Deus! A que ponto chegamos?!

quarta-feira, novembro 16, 2005

Princípio da irretroatividade

Existe no Direito um princípio chamado princípio da irretroatividade das leis. Tal princípio reza que uma lei não pode retroagir, sua eficácia não pode estender-se a fatos pretéritos. Tal princípio pode também, com muita justeza, ser aplicado como máxima universal de justiça: o que era moralmente aceitável em dado tempo e não o é mais, não pode prejudicar retroativamente aos que praticaram quando não era reprovável. Em História isso se chama contextualizar situações, ou nunca interpretar o passado segundo valores do presente.

Se isso que foi dito soa como óbvio para quem lê, então fica difícil entender como tantas pessoas ignoram tal princípio ao condenar toda uma sociedade por coisas que seus antepassados perpetraram. Para ilustrar vale um exemplo brasileiro: paira sobre aqueles que possuem um grau maior de euro-descendência (empregando o termo politicamente correto) a culpa e a conseqüente responsabilidade pelo que seus tataravôs fizeram. Sabem do que estou falando.

Levando ao extremo esse pensamento, de responsabilidade ancestral, então nós teremos uma Itália que deve a todos os países da Europa, norte da África e Oriente Médio, pois seu império subjugou a toda essa região. A atual e miserável Mongólia deve mais: toda a Ásia, exceto o sudeste, todo Oriente Médio e toda Europa Oriental foi vítima de seu imperialismo. A etnia dos bantos, originalmente da África Central, que marchou rumo ao sul escravizando outros povos, também deve algo. Os inuits da Groenlândia (conhecidos por esquimós) devem aos escandinavos, pois esses foram exterminados até o último homem na grande ilha. A lista não termina e segundo ela todos os povos e nações do mundo devem algo a alguém. Nem nossos guaranis escapam.

A falácia dessa tese é justamente essa: imputar a nova geração a responsabilidade pelos atos de seus ancestrais. Fazer com que paguem, das mais diversas formas, pelos erros cometidos por pessoas as quais nunca nem mesmo conheceram e que viveram em uma realidade e tempo diversos.

Como bom ateu não creio na idéia cristã de “pecado original”, fundamento da tese dos que defendem a política de cotas raciais de que todos os que nascem brancos carregam consigo a culpa do pecado ancestral.