sexta-feira, setembro 29, 2006


Golpe Midiático

Isso que você está vendo não existe. É uma armação midiática encomendada pelo Grande Capital e pela oposição golpista a fim de tentar desmoralizar o Grande Líder. O Partido já está tomando todas as providências para desmascarar essa fraude e tirá-la de circulação.

terça-feira, setembro 26, 2006


O Delírio Conservador

Graças à luminescência sapiental do professor e mestre e filósofo e astrólogo Olavo de Carvalho, vulgo Olavão, descobri em recente artigo seu (falsos amigos) que sou em verdade um agente infiltrado das hostes comunistas e islâmico-terroristas. Ou talvez mero idiota. Afinal, como pode alguém se dizer liberal, defender a livre economia de mercado, e não professar a moral judaico-cristã? Impossível! Esses japas xintoístas e budistas nunca me enganaram com aquele pacifismo liberal de meia pataca! Não passam de um bando de terroristas e comunas disfarçados! RÁ!

Imagem: cogumelo Psilocybe Semilanceata, famoso por seu chazinho qual descofio ser o Olavão um apreciador... rsrs

segunda-feira, setembro 25, 2006


Nós, os golpistas

A eleição que prometia ser morna e a mais sem graça dos últimos tempos está se mostrando bastante agitada, até. Com escândalos aflorando praticamente toda a semana e um líder com uma popularidade desconhecida desde os tempos de Getúlio Vargas a cousa ta é bem quente. O que me preocupa são as acusações de que existe em andamento um pretenso golpe para derrubar o atual governo. É cousa grave, tal acusação! Mas existe mesmo?

O PT dos gloriosos tempos de oposição batia com muito, muito mais força no governo do que a atual oposição. Slogans como “fora FHC” eram palavras de ordem em protestos de estudantes, sindicalistas e esquerdistas no geral. Tudo era motivo para açoitar o governo (que por sinal, era de esquerda). Não lembro dos líderes da época gritando aos quatro cantos que um golpe de Estado estava sendo articulado. Como bem colocou um amigo, em seu blog, “porque na hora de cobrar ética e pedir o impeachment de Collor e gritar 'Fora FHC' os petistas e PCdoBistas eram 'democratas' e agora, quando a oposição cobra ética e propõe a derrota de Lula nas urnas a oposição é....golpista?”. Não faz muito sentido, aliás, não faz sentido nenhum . Obviamente não existe nenhum plano maquiavélico da oposição (que também é social-democrata) para dar um golpe de Estado, mas essa retórica é muito útil para se aferrar no poder e afastar toda e qualquer oposição jogando-lhe a pecha de “golpista”.

Quando a mídia traz algum novo escândalo ao público, lá vem o petista: “imprensa corrompida pela direita golpista!”. Quando a polícia consegue rastrear até o Partido algum trambique, lá vem o petista: “polícia corrupta e golpista!”. Quando a oposição usa esse material contra o Apedeuta, cousa normal em eleições, lá vem o petista: “oposição golpista!”. Nosso presidente está cantando vitória no primeiro turno, o que é provável que aconteça, mas, se por ventura isso não ocorrer, tenho certeza de que o petista vai gritar que a eleição foi “melada” pela “direita” golpista.

Na Venezuela, país mais democrático da América na opinião de nosso presidente, o chicano bolivariano está querendo tornar a reeleição ad aeternum, pois esta seria a vontade do povo. E a oposição que denunciou este absurdo? Ela foi chamada golpista. Percebam, caros, a sutileza da novilíngua proposta que transforma, aos poucos, o verbete oposição em golpista.
Imagem: sob a ameaça de pretensos golpistas, proteger os interesses legítimos e maiores do Povo e da Democracia é necessário... Estão lançadas as sementes do Estado Policial.

Os croissants e a arrogância dos sarracenos

Artigo genial do Cristaldo sobre os incidentes causados pelas declarações do Papa, sobre História islâmica e sobre.. croissants.

Semana passada, um tribunal da Turquia inocentou a escritora Elif Shafak, de 35 anos, da acusação de insultar a identidade turca no romance O Bastardo de Istambul, lançado em março deste ano - dizem os jornais. Elif era acusada por promotores nacionalistas de infringir o Artigo 301 do Código Penal, segundo o qual um cidadão pode ser condenado a até três anos de prisão por denegrir a identidade nacional turca. Eles pediram a prisão dela porque personagens do livro usam a expressão "genocídio" ao se referir ao massacre de centenas de milhares de armênios nos anos finais do Império Otomano, durante a 1ª Guerra Mundial.

Que a escritora tenha sido absolvida é uma boa notícia. A má notícia é que tenha sido processada por palavras proferidas por personagens. O massacre de um milhão e meio de cristãos armênios por turcos muçulmanos é fato histórico incontestável. E ao massacre de uma etnia convencionou-se chamar genocídio. O espantoso nesta affaire é responsabilizar um ficcionista pelo crime do personagem. É como se o Estado levasse Dostoievski à barra dos tribunais pelo crime de Raskolnikoff, acusasse Gide pelo assassinato de Lafcadio ou responsabilizasse Camus pelo gesto de Meursault. Neste caso, com um agravante: a vítima de Meursault era um árabe. Racismo óbvio de Camus


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