quinta-feira, dezembro 14, 2006
















Boa Literatura

“É uma coisa maravilhosa essa calma da batalha. O nervosismo some, o medo voa para o vazio e tudo fica claro como cristal precioso. E o inimigo não tem chance porque é lento demais. Virei o escudo para esquerda, recebendo o golpe da lança do homem com cicatrizes, estoquei com Ferrão de Vespa, e o dinamarquês correu para a ponta da arma. Senti o impacto subir pelo braço enquanto a ponta penetrava nos músculos de sua barriga, e já estava torcendo-a, rasgando para cima e libertando-a, cortando couro, pele, músculos e tripas, e o sangue dele estava quente em minha mão fria, e ele gritou, hálito de cerveja no meu rosto, e eu o empurrei para baixo com a bossa pesada do escudo, pisei em sua virilha, matei-o com a ponta de Ferrão de Vespa em sua garganta. E então estávamos indo para frente. Uma mulher de cabelos soltos veio para mim com uma lança e eu a chutei com brutalidade, depois esmaguei seu rosto com a borda de ferro do escudo e ela caiu gritando numa fogueira em brasas. Seu cabelo solto se incendiou, luminoso como gravetos pegando fogo, a tripulação do Heahengel estava comigo, Leofric berrava para eles matarem, e matarem depressa. Esta era nossa chance de trucidar dinamarqueses que tinham feito um ataque idiota, que não haviam formado uma parede de escudos adequada, e era um trabalho de machado, um trabalho de espada, trabalho de carniceiro com ferro bom, e já havia mais de trinta dinamarqueses mortos e sete navios estavam queimando, as chamas se espalhando com uma velocidade espantosa”.

Bernard Cornwell é um skald dos tempos modernos. O último livro tem como pano de fundo as invasões vikings do século IX contra os saxões da Inglaterra, e, como sempre, a reconstrução do período histórico em questão é impecável. Também é uma biografia não ortodoxa de Alfredo, o Grande, que na visão do autor não era tão grande assim. Humor negro, violência medieval, sacrilégio, devassidão: Viking pra caralho!

PS: Pra variar, a edição brasileira fudeu com a arte de capa, normalmente feita sob indicação do próprio autor. O mesmo que fizeram com a trilogia arturiana: colocaram uns desenhozinhos infantilóides para atrair a atenção de jogadores de RPG o que, tenho certeza, deve funcionar. Cuspo no prato em que comi: RPG, pior!, jogadores de RPG são um saco.

segunda-feira, dezembro 11, 2006



Revolução Infernal

Enviado pelo camarada Grupis

Lênin morreu e foi pro inferno. Pouco tempo depois, as coisas começaram a ficar infernais lá. Os carrascos já não queriam mais torturar, pois começaram a reclamar que queriam receber hora-extra. Os foguistas também, pois queriam receber adicional de insalubridade. Então houve uma grande greve no inferno. Aí o demônio, puto da vida, pegou o Lênin e o levou lá pro céu. Bateu na porta do céu.- Quem é? respondeu São Pedro- Aqui é Lúcifer. Este indivíduo aqui, o Lênin, está fazendo da minha eternidade um inferno. Então vim trazer ele aqui para Deus tomar conta, enquanto eu boto ordem lá no meu reino. Depois venho buscar ele.

Aí o diabo voltou para o inferno e começou a botar ordem na casa. Cortou os chifres de alguns, deu algumas chibatadas e punições a outros, botou os demonhozinhos na linha. E então a paz voltou a reinar no inferno.Alguns dias depois, o diabo foi buscar o Lênin lá no céu. Bateu na porta do céu.- QUEM É? Respondeu São Pedro, com um tom de voz de quem não estava muito para amigos- Ô São Pedro, aqui é o Satanás. Deixei o Lênin aqui para Deus tomar conta enquanto eu restaurava a ordem no inferno e agora vim buscar o Lênin e leva-lo de volta.

São Pedro respondeu:
- EM PRIMEIRO LUGAR: É CAMARADA PEDRO.
- EM SEGUNDO LUGAR: DEUS NÃO EXISTE.
- EM TERCEIRO LUGAR: ESTAMOS EM GREVE.

BLAM!