sexta-feira, outubro 27, 2006


Muros e “muros”

Ontem, vendo o noticiário, me aparece o presidente mexicano fazendo aquela infeliz mas muito freqüente (principalmente no meio acadêmico) comparação entre a cerca de fronteira que divide os EUA do México com o famigerado der Mauer - o Muro de Berlim. Existe uma diferença fundamental entre os dois muros que nunca é considerada por motivos de conveniência: o primeiro é feito para evitar a entrada ilegal de indivíduos em um país e o outro para evitar que indivíduos deixassem um país. O primeiro é uma forma legítima de tentar controlar o enorme fluxo de pessoas que tentam buscar melhores condições de vida no país em questão, mas de forma irregular, e o segundo foi construído em um contexto ditatorial onde as pessoas eram impedidas de abandonar o país em praticamente quaisquer circunstâncias sem aprovação de um burocrata do Partido.

E depois nos jogam estatísticas: “o muro da vergonha” teria matado mais do que o comunista. Não se considera, porém, que dentro da RDA havia também outros muros e cercas que impediam os cidadãos de se locomoverem com liberdade dentro de seu próprio país, e que pessoas também morriam nestes lugares. Sem contar que as mortes ocorridas na fronteira americana em sua esmagadora maioria são ocasionadas não por execuções, mas por desidratação - mero detalhe. O contexto é completamente diferente.

Já vi maluco defender a tese de que o muro é uma clara demonstração de racismo, pois a mesma medida não está sendo efetivada no Canadá, mas essa teoria nem vale a pena comentar. Prova maior de racismo foi dada pelo xerife Bush, que pretendia anistiar todos os ilegais do país.

Por fim, a lógica me faz crer que os opositores do muro acreditam que todos devem ter seu direito de ir e vir desimpedido mesmo em um contexto internacional, pois se a regra é válida para os chicanos que tentam invadir os EUA, porque não seria válida para outros lugares, right? Eu sempre achei esse negócio de aduana, visto, passaporte um saco, mesmo. Odeio burocracia. Vamos liberar geral nas fronteiras e implementar essa tal de globalização de uma vez!

Europa, aqui vou eu!

Aos que sentem necessidade de se insurgir contra muros, pesquise sobre o muro de 2.000 km protegido por mais de um milhão de minas construído pelo Marrocos separando o nada (Saara Ocidental) e o lugar nenhum (Argélia), e que serve apenas para manter o povo saharaui sob controle. Este sim, um muro que merece todos os ódios.

Off topic: o assunto poderia ser matéria para uma discussão psico-antropo-filosófica sobre a relação amor e ódio com o Grande Satã do Norte, que todos odeiam de morte ao mesmo tempo em que sonham com sua cidadania ou vivem seu repgnante estilo de vida. Mais ou menos como em Roma. rsrsrsrs O que me lembra aquele universitário que cursa História ou Sociologia e, enquanto come um hambúrguer e toma uma Coca-Cola no restaurante fast-food do shopping center próximo de sua casa, desce o cacete nesse terrível imperialismo que só fez trazer desgraças ao mundo. Depois vai pra casa tocar um rock´n´roll com sua banda cover e ver filmes blockbuster hollywoodianos. Verdade que agora existe uma vertente de odiadores mais sofisticada, que se dedica a ler literatura russa e assistir cinema iraniano. Mas ainda curtem um rockão, All Star e tecnologia da era espacial. rsrsrs...

Imagem: um típico espécime ocidental dos anos 80 arrebentando a porra do muro sob o olhar da comunalha lá do alto. A merda do muro caiu faz mais de 15 anos e há os que ainda não notaram!

quinta-feira, outubro 26, 2006


Enquanto isso..

Aqui no estado, Yoda, que surpreendeu todo mundo vencendo o primeiro turno, está despencando nas pesquisas ao mesmo tempo em que o bigodudo está subindo. Dizem que isso é resultado da propaganda meio sacana que prega o do bigode como um “gaúcho autêntico” e a tucana como paulista e estrangeira (o ufanismo dessa terra sempre me impressiona). E também por deixar a entender que um partido de oposição no governo do estado vai prejudicar o povo gaúcho.

Besteiras. Mesmo que exista alguma contribuição da propaganda, a causa maior para a progressiva queda de Yoda é da própria Yoda, que foge dos debates como diabo foge da cruz. Isso e aquele vice oportunista que vive a falar merda. E não parece improvável que, na prática, ele assuma mesmo as rédeas do governo (coisa parecida aconteceu aqui em Pelotas, minha cidade).

Assim sendo, não é improvável que tenhamos, novamente, uma bandeira de Cuba na janela do Piratini, invasão de terra sob auspícios do governador, depredação do patrimônio público promovido por burocratas ligados ao gabinete (lembram do relógio dos 500 anos?), um secretário de segurança que pretendeu fazer com que brigadianos parassem de usar coturnos (“símbolo de opressão”), desarticulação da Brigada Militar através da transferência de seus oficiais e, por último mas nem por isso menos importante, a velha e sempre presente ojeriza ao “Grande Capital” (ou melhor, qualquer capital não vinculado ao Estado), cujo símbolo maior é aquela famosa montadora que hoje fomenta a economia de uma região da Bahia.

E isso não vai acontecer por conta de algum "Joseph Goebbels" do petismo gaúcho, mas por pura incompetência e covardia dessa senhora que, por algum motivo, evita debates e não consegue manter seu vice na linha.

É foda.

Imagem: Nossa Yoda não tem “a Força”.

quarta-feira, outubro 25, 2006


Iraque com cheiro de Vietnam

A mais nova bandeira dos pacifistas (pacifakes, na verdade) é a saída do Grande Satã estadunidense do Iraque, pois é uma evidente violação da soberania de um país independente.

Sem entrar no mérito de ter sido ou não justa a invasão, sair de lá neste momento significa dar a chance para algum grupelho sectário religioso assumir a direção do Estado e instituir alguma teocracia ao melhor estilo Taleban, com conseqüências desastrosas para toda região e mesmo para outros lugares do planeta (vai virar outro pólo exportador de terrorismo, por enquanto é importador). Os mesmos pacifistas que hoje demandam por este abandono dos iraquianos serão os mesmos que em futuro próximo irão culpar os gringos por terem derrubado o governo de um déspota assassino para logo depois abandoná-los a própria sorte. É curta a memória das gentes.

De qualquer maneira, democratizar aquela pocilga sempre me pareceu trabalho impossível, e a permanência indefinida é por demais custosa para o contribuinte norte-americano. O dilema só pode ser resolvido com alguma setorização ou descentralização do poder, principalmente reconhecendo a soberania dos curdos do norte.

Um amigo me perguntou se eu achava que os gringos iriam perder a guerra. Já perderam, respondi. Guerra moderna se vence quando objetivos pré-estabelecidos são conquistados. A justificativa para guerra não deveria ser “armas de destruição em massa”, que por sinal não existiam, mas a derrubada de um ditador sanguinário. A pretensão de “democratizar” a barbárie estava fadada ao fracasso desde sempre, mas foi colocada como O objetivo. As sanções da ONU durante o entre-guerras foram mais nefastas à população civil do que ao regime. Enfim, os nego fizeram tudo errado e vão pagar uma conta salgada pela incompetência. O Vietnam do século XXI também fica no Oriente, mas no médio.

Imagem: E ainda é capaz de virar mártir de país oprimido.

terça-feira, outubro 24, 2006


“Elitizaram” as armas de fogo

Lembram do referendo sobre o “desarmamento”? Já faz um ano desde que a população votou contra o tal desarmamento, que na verdade não era sobre desarmamento propriamente dito, mas sobre comércio de armas de fogo. Desarmado o povo iria ficar de qualquer jeito dependesse do Estatuto. E a comercialização de armas era apenas um trecho desta lei. Confuso?

De acordo com o tal Estatuto o porte de armas foi totalmente vetado (alguém pode tentar dizer que “não está vetado, apenas quem emite agora a licença para porte é a Policia Federal”, o que em outras palavras significa exatamente isto, que está vetado), é necessário pagar uma taxa a cada três anos (300 pila) para manter este registro (que dependendo das condições do sujeito pode ser meio salgada), para fazer o registro o sujeito precisa provar que ela (a arma) é efetivamente necessária, para se fazer segunda via de documento relacionado cobra-se valor absurdo, enfim, tenta-se fazer o que o próprio nome do Estatuto deixa a entender: desarmar a população civil.

Deu na ZH que quase 1 milhão de cidadãos gaúchos estão prestes a entrar na clandestinidade devido à nova situação, que torna seus registros irregulares caso não se submetam ao novo regulamento, e a perspectiva, bastante real, de perderem suas armas frente à sanha de burocratas é fator a ser considerado antes de se adequar à nova lei.

O povão, que votou contra o desarmamento será desarmado, e apenas os que possuem condições de arcar com os custos para manter uma arma de fogo irão fazê-lo. Em outras palavras, ou o povão passará à clandestinidade com armas irregulares (sob pena de prisão e multa) ou entregará seus meios de defesa aos burocratas do Estado. O governo atual, conhecido por ser “defensor dos pobres”, elitizou as armas de fogo no Brasil.

Imagem: roubei do Image bank

domingo, outubro 22, 2006


Viva a diversidade multicultural!

Como anexo ao comentário de ontem, coloco aqui estas duas notícias da França.

A primeira é sobre maridos muçulmanos que andam a espancar ginecologistas que ousam examinar suas intocáveis mulheres. Bem entendido, intocáveis quando se refere a infiéis, pois espancamento doméstico é modalidade que os homens maometanos são insuperáveis.

"Em vista das informações de que dispomos agora não podemos afirmar ainda que se trata de uma agressão ligada a motivações religiosas ou culturais", disse o muito diplomático e cuidadoso ministro da saúde. Mas em incidente anterior, envolvendo outros ginecologistas, estes foram agredidos enquanto os maridos alegavam que "médicos homens não devem examinar suas esposas muçulmanas". Coincidência? Claro!

Alguns dias atrás uma guria foi apedrejada na França por almoçar durante o tal Ramadã:

Uma jovem de 14 anos foi apedrejada enquanto almoçava no pátio de seu centro educativo em Lyon (centroeste da França) por quatro adolescentes que a acusaram de comer durante o mês de jejum muçulmano do Ramadã” A idiota pensou que só por estar na França não devia prestar obediência à Sharia. Mas foi só umas pedradas, fosse nos grotões do Irã ela teria sido enforcada.

Eis o multiculturalismo de mão única, promovido por esquerdistas desmiolados que não tem lá muita noção de realidade. Obviamente todas as manifestações contrárias a este retrocesso são devidamente rechaçadas como “fascistas”, “retrógradas” e “reacionárias”.

O negócio é deixar as mulheres voltarem a sua condição servil, os gays serem espancados e as crianças doutrinadas. Muito “progressista”, realmente.

Imagem: Dois gays tratados segundo a doutrina muito tolerante do islamismo iraniano.